Um blogue sem interesse...

Posted in By Pedro Pereira 3 comentários

Pois é...

Mais um blogue que não tem propósito, não tem objectivos, que surge apenas, como muitos outros... porque sim! Criei este espaço porque me deu na "real gana", porque já o tinha pensado e nunca o tinha concretizado.
Aqui vou escrever sobre o que me apetecer... sobre o que gosto e o que não gosto, sobre o que sinto ou não, sobre o que penso, sobre ideais, sobre o mundo, sobre o universo! Sobre o que quiser, pois afinal de contas este blogue não tem interesse! É um espaço onde me vou exprimir, esperando nunca ser censurado. Não vai ser um portal de eloquência, de sabedoria, muito pelo contrário, pois não me revejo em nenhum desses patamares...
Espero que nunca me levem a mal...
Enfim não percam muito tempo com isto, pois não passam de devaneios meus...

Bem, para começar a aquecer, vou aqui falar de um tema, que confesso, me incomoda um pouco! Sendo eu uma pessoa de educação e ideologia Católica - Cristã, estas noticias que nestes últimos tempos preenchem todos os média sobre a "pedofilia na Igreja" chocam-me e repudio-as profundamente. Sinto-me mal só em pensar que este inexplicável acto desumano seja praticado, muito menos no seio de uma igreja/religião tão bela quanto esta. Mas para além disso, julgo haver sempre um aproveitamento das situações (quer esta ou outras que possam existir) para atacar a Igreja Católica. Decidi escolher este o meu primeiro tema, pois, estando hoje calmamente a vasculhar na minha caixa de email , fui ler um mail enviado pelo meu querido amigo, Professor José Fernandes, que trazia um texto de João César das Neves (que confesso não conhecer), publicado no D.N. de hoje. Até ler este artigo, senti-a que eu e muitas outras pessoas, estavam a ser injustiçadas, mas após a sua leitura tudo se acalmou! Afinal de contas, a Igreja Católica tem milhões de fiéis/crentes e, como em qualquer religião, qualquer local, qualquer momento, haverá sempre alguém que não seja digno daquilo que tem!

A seguir deixo este artigo com o qual, volto a dizer, subscrevo completamente. Espero que gostem. Abraço!

" Um dos fenómenos mais espantosos da história da humanidade é o ataque à Igreja. Esse processo, tão aceso estes dias, é sempre muito curioso. Primeiro pela duração e persistência. Há 2000 anos que os discípulos de Cristo são perseguidos, como o próprio Jesus profetizou. E cada ataque, uma vez começado, permanece. A Igreja é a única instituição a que se assacam responsabilidades pelo acontecido há 100, 500 ou 1500 anos.
Os cristãos actuais são criticados pela Inquisição do século XVII, missionação ultramarina desde o século XV, cruzadas dos séculos XI-XIII, até pela política do século V (no recente filme Ágora, de Alejandro Amenábar, 2009). Depois, como notou G. K. Chesterton em 1908, o cristianismo foi atacado "por todos os lados e com todos os argumentos, por mais que esses argumentos se opusessem entre si" (Orthodoxy, c. VI). Vemos criticar a Igreja por ser tímida e sanguinária, pessimista e ingénua, laxista e fanática, ascética e luxuosa, contra o sexo e a favor da procriação, etc. Mas o mais espantoso é que os ataques conseguem convencer-nos daquilo que é o oposto da evidência mais esmagadora. Os iluministas provaram-nos que a religião cristã é a principal inimiga da ciência; supersticiosa, obscurantista, persecutória do estudo e investigação rigorosos. A evidência histórica mostra o inverso.
A dívida intelectual da humanidade à Igreja é enorme. Devemos a multidões de monges copistas a preservação da sabedoria clássica. Quase tudo o que sabemos da Antiguidade pagã veio dos mosteiros. Foi a Igreja que criou as primeiras universidades e o debate académico moderno. Eram cristãos devotos os grandes pioneiros da ciência, como Kepler, Pascal, Newton, Leibniz, Bayes, Euler, Cauchy, Mendel, Pasteur, etc. Até o caso de Galileu, sempre citado e distorcido, mostra o oposto do que dizem. Depois, os jacobinos asseguraram-nos que a Igreja é culpada de terríveis perseguições religiosas, étnicas e sociais, destruição cultural de múltiplos povos, amiga de fogueiras e câmaras de tortura, chacinas, saques e genocídios. No entanto, a evidência de 2000 anos de história real de cristãos concretos é de caridade, mediação, pacifismo. Tudo o que o nosso tempo sabe de direitos humanos, diplomacia, cooperação e tolerância foi bebê-lo a autores cristãos. A seguir, os marxistas vieram atacar a Igreja por ser contra os proletários e a favor dos ricos. Quando é evidente o cuidado permanente, multissecular e pluricultural dos cristãos pelos pobres e infelizes, e as maravilhas sociais da solidariedade católica no apoio aos desfavorecidos.
Vivemos hoje talvez o caso mais aberrante: a Igreja é condenada por... pedofilia. A queixa é de desregramento sexual, deboche, perversão. Mas a evidência histórica mostra que nenhuma outra entidade fez mais pelo equilíbrio da sexualidade e a moralização da vida pessoal da humanidade. Mais uma vez, o ataque nasce do oposto da verdade. Serão as acusações contra a Igreja falsas? Elas partem sempre de um núcleo verdadeiro. Houve cristãos obscurantistas, persecutórios, cruéis, injustos, luxuosos, como hoje há padres pedófilos. Aliás, em 2000 anos de história, e agora com mais de mil milhões de fiéis, tem de haver de tudo. A distorção está na generalização ao todo de casos particulares aberrantes. Não sendo tão má quanto o mito, a Inquisição foi péssima. Mas a Inquisição não representa a Igreja e a própria Igreja da época a condenou.
Os críticos nunca combatem os erros, sempre a instituição. Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas a Igreja pedófila. A razão do paradoxo é clara. Cada época projecta na Igreja os seus próprios fantasmas. Ninguém atropelou mais o rigor científico que os iluministas. Ninguém foi mais sangrento que os jacobinos. Ninguém gerou maior pobreza que os marxistas. Ninguém tem mais desregramento sexual que o nosso tempo. O ataque à Igreja é uma constante histórica.
A História muda.
A Igreja permanece.
Porque ela é Cristo.
Dela é a nona bem-aventurança: "Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem" (Mt 5, 11)."

João César das Neves (DN de hoje 12/04/2010)